sábado, 1 de junho de 2013

Mais uma vez...

Ontem  fui atender uma gestante em TP , cheguei na casa dela às 15hs e ela estava super bem, ela foi perfeita , se movimentava om tempo todo, quando vinha a contração ela obedecia o seu corpo e se agachava, mexia os quadris, dançava, calma, tranquila, feliz, como se tivesse se preparado para aquele momento toda sua vida! Enfim o verdadeiro trabalho de parto ativo ! Era sua terceira gestação,e seria seu segundo parto normal, pois no segundo bebê, devido à gripe H1N1  a médica indicou uma cesárea por "precaução".

Nós nos conhecemos há um mês atrás quando eu fui oferecer o meu trabalho de doula p ela, pois vi de longe que  não estava bem , e parecia muito incomodada, quando começamos conversar, me disse que faria uma cesárea, porque a médica já havia decidido e já que  iria fazer uma laqueadura... mas enquanto  conversava comigo, ela só chorava e eu vi que estava muito indecisa, triste e insegura, então nós  oramos e falei p que Deus colocasse paz em seu coração se fosse para optar pelo parto normal , e ela mudou totalmente de idéia, largou a médica que estava pressionando a cesárea antes do dia 30, pois a mesma iria viajar para fora do Brasil , e optou pelo parto normal, que na verdade era tudo o que ela queria e só precisava que alguém a apoiasse. 

Então quando as contrações começaram aumentar, fomos para a maternidade e para a nossa alegria , ela já estava com 8 de dilatação, exatamente do jeito que havíamos combinado, pois não queríamos intervenções desnecessárias.. antes tivéssemos esperado o bebê coroar do lado de fora daquele maldito hospital! 

Então,  os problemas começaram acontecer, primeiro que a médica plantonista queria cobrar do pai R$ 500,00 alegando que não trabalhava com o convênio, o marido dela soube se defender e colocou a médica em seu devido lugar dizendo que conhecia os seus  direitos .Segundo, que a médica do cesarista do pré-natal não havia feita carteirinha de gestante e  não havia nenhuma informação sobre a gestação e ela pediu que o pai fosse em casa para buscar.


Então fomos p o centro cirúrgico, e a equipe foi  colocando o soro p fazer analgesia, e ela falou calmamente que não queria , e eles tiveram que aceitar, ela estava muito bem, super corajosa, queria ficar em pé se movimentando, e ficou acertado que o pai entraria na hora do nascimento, eu nem acreditava que tudo estava correndo tão bem , ela empoderada, sabendo o que e como queria, e até ali, a médica respeitando a vontade dela.

Por volta das 6hs,a médica resolveu que ia romper bolsa ( o plantão dela acabava às 19h e ela queria que o bebê nascesse) então a Josi (gestante)  disse que não queria romper, que queria esperar a hora do bebê nascer sem intervenções! A médica fez de conta que não ouviu , deitou ela na cama, viu os batimentos que estavam perfeitos, a pressão 110x70, e rompeu a bolsa, sem autorização, sem o mínimo respeito, porque ela estava com muita pressa! Ela não podia esperar acontecer naturalmente, foi aí que tudo mudou! O sonho virou um pesadelo!

A barriga dela "embolou tudo de um lado só , como se o bebê tivesse virado, ela não deixou mais a Jo levantar, mandou ela ficar de lado,e saiu, de repente ela veio ouvir os batimentos e falou que o bebê estava em sofrimento fetal , que ela não iria abaixar o apgar do bebê e que aquilo era uma ordem médica e quem mandava e decidia era ela, ela nem sequer esperou 5 minutos para repetir o exame, ela nem pediu para ela mudar de posição, não, aquilo podia demorar uma hora ainda, como ela mesma falou ... 


Nunca vou me esquecer do olhar da minha querida doulanda, me dizia tudo: decepção, medo, insegurança, tristeza e eu via naquele simples olhar como se ela me dissesse:  eu optei pelo parto normal, eu fiz tudo certinho como vc me falou, por que esta acontecendo isso? Ela me perguntou: e agora Carla? Eu apenas respondi : fica tranquila, Deus está no controle...então me mandaram sair correndo da sala, realmente me expulsaram do C.O. pois as "coisas haviam mudado!" 

Conversei com o pai, oramos para que o bebê ficasse bem e ele foi assistir a cesárea. E assim nasceu o Davi, com uma cesárea de emergência, perfeito, saudável , sem nenhum sinal de sofrimento fetal!

Eu vim p casa arrasada, com vontade chorar, decepcionada, com um aperto no peito, parecia que estava engasgada, mas pensando, Deus deve ter nos livrado de algo muito pior! Até pensei, nossa, ainda bem que não era um parto domiciliar, o bebê poderia ter morrido! 


Então enquanto estava tomando banho, algo começou me incomodar: não, aquilo não foi a vontade de Deus, aquilo foi violência obstétrica!  E eu senti muito forte no meu coração, se tivesse sido um parto em casa, com uma equipe humanizada, aquilo nunca teria acontecido! 

Eu estava incomodada o dia inteiro que algo iria acontecer, mas eu me esqueci que estava indo para uma batalha, eu fui de peito aberto, devia ter orado mais, clamado mais, orientado melhor a Jo para que ela não cedesse, eu baixei a guarda e perdi a batalha!

Pedi opinião de algumas doulas e obstetrizes e elas disseram exatamente o que eu já imaginava, uma intervenção desumana, intransigente e totalmente desnecessária como a ruptura da bolsa em um parto que estava perfeito,  gerou a pior intervenção do mundo , uma cesárea de emergência com 9cm de dilatação, em uma mãe que tinha tudo para um parto natural e  maravilhoso como ela havia sonhado,  tudo o que mãe e bebê precisavam,  era de uma profissonal de verdade, que não colocasse os interesses dela em primeiro lugar, e um pouco de paciência!

O que passa na cabeça desses médicos?  Porque ela simplesmente não passou para o outro plantonista? Eles não se importam mais com as pacientes? Eles não tem ética? E se fosse com alguém da família deles? O que aconteceu com essa espécie de ser humano? Porque estudaram obstetrícia? Porque não fizeram cirurgia geral já que amam tanto o bisturi e odeiam parto normal? 

Até quando vamos relatar este tipo de situação??????? Quando isso vai acabar???????? 




4 comentários:

  1. Respostas
    1. Meu Deus, até qdo vamos passar por esse tipo de violência contra a gestante???? Nós doulas estamos sendo vistas como criminosas???? Temos q orar muito e muito mais, porque realmente têm sido uma batalha atrás da outra!!!!!
      Será tão difícil para os médicos respeitarem a vontade de suas pacientes???!!!!!
      Revolta...

      Excluir
    2. Vdd Poli, foi o que eu entendi com tudo isso... não basta amar tanto as nossas gestantes, temos que lutar muito mais, porém "Nossa luta não é contra carne e sangue, mas sim contra principados e potestades...", vamos usar nossas armas, mais oração, mais jejum , santidade e consagração!

      Excluir
  2. Que indignação,que tristeza, que ódio desse sistema maldito obstétrico sem respeitoooo! :/

    ResponderExcluir