quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Ela conseguiu...ela pariu!

 Quando eu e a Anie nos conhecemos foi tipo "amor à primeira vista"...hehe...a afinidade e cumplicidade foram instantâneas! E já no nosso primeiro encontro ela me disse que seu maior medo era de que ela não entrasse em trabalho de parto e acabasse em outra cesárea, mas eu a tranquilizei dizendo que ela entraria sim e que o seu GO sabia esperar o tempo de sua bebê...e assim foi, ela pariu lindamente! Parabéns mais uma vez querida, por sua garra, sua determinação e coragem para realizar o sonho do parto normal e natural! A Elisa e a Laís são muito abençoadas por ter uma mãe como você...
Foi um prazer te doular!
Segue abaixo o relato de parto:







Relato de parto nascimento da Laís

Para esse relato, eu não poderia deixar de contar do nascimento da nossa primeira filha. Isso foi em 2013, e naquela época se falava muito pouco em parto humanizado.
Desde o início da gravidez nutri esse sonho, ter meu bebê de parto normal e humanizado, mas hospitalar levando em consideração minhas inseguranças pessoais. Tinha entendido que um parto humanizado significava ser respeitada naquilo que eu me sentisse mais confortável. Procurei arduamente um médico humanizado em Curitiba e achei!! Fiquei muito feliz!! Esse mesmo médico me indicou sua doula e participei durante toda a gestação de palestras sobre parto, ministradas por essa doula. Essas palestras me abriram a mente. O que me deixava ainda mais fascinada com a ideia de ter um bebê naturalmente. A gestação foi ótima!  Fiz hidroginástica toda a gestação, me preparando. O tempo foi passando...39, 40, 41 semanas e nada de trabalho de parto. Até que meu GO, depois de me avaliar, sugeriu uma cesária. Na minha cabeça, eu estava nas mãos de um médico humanizado, que iria priorizar o parto normal, portanto, confiei nele. Triste, chorando, liguei pra doula já do hospital em que estava agendando minha cesária para informar a decisão. Minha filha Elisa nasceu em agosto de 2013 com 41+3 de cesária, muito saudável e minha recuperação foi ótima, mas eu não tive uma contração sequer. Superei a decepção de não ter tido um parto e segui ainda tendo a certeza do que é melhor para o bebê, mas lamentando não ter passado pela experiência.
Em 2015 me vejo grávida novamente. E tudo veio à tona. Infelizmente o antigo GO havia descredenciado meu plano, me vi então obrigada a buscar outro GO, mas, pelas minhas convicções, tinha que ser humanizado. Corri atrás de saber quais eram os demais obstetras humanizados de Curitiba. Fiz uma lista e fui ligando. Até que consegui marcar consulta com 2 desses médicos. O que tivesse horário antes, seria o escolhido. Então, com mais de 5 meses de gestação tive minha primeira consulta com o Dr Álvaro Silveira Neto. Gostei dele logo de cara, atencioso e muito tranquilo, me deu segurança que eu entraria em trabalho de parto. Até então, o meu grande receio era não entrar em TP e a história se repetir. O próximo passo seria achar uma doula, já que sabia que iria precisar de apoio emocional e físico. Pedi ajuda num grupo do facebook e me indicaram 2 doulas. Dei uma pesquisada básica e optei por entrar em contato com a Carla. Tenho muita fé em Deus e queria que essa pessoa tbm compartilhasse da mesma fé. Perfeito!! Carla é assim. Nosso primeiro encontro foi dentro do meu carro pq minha filha estava dormindo e não queria acordá-la e logo de cara tbm senti que era a Carla que iria me acompanhar dessa vez. A gestação foi tranqüila e eu sempre encucada e preocupada se eu entraria em TP ou se eu tinha algum  problema e que não teria essa experiência novamente. O GO e a doula sempre me diziam que cada gestação é uma. O Dr Álvaro ainda repetia, quase toda consulta, que iríamos esperar o tempo que fosse necessário. Nessa segunda gestação não participei de reuniões sobre parto, nem fiz exercícios para me preparar, afinal, com uma primeira filha a coisa fica mais difícil mesmo. Estava preparada para esperar até as 42 semanas ou mais!!!
Com 39+4 (uma quarta feira), comecei a sentir contrações de treinamento. Ai que felicidade sentir que minha segunda filha estava dando o ar da graça e logo viria. Sim! Era aquilo que eu queria sentir, vivenciar. Mas ainda não era a hora...como mãe de primeiro parto, já me animei toda e comecei a achar que estava em TP. Até comecei a contar as contrações, mesmo sendo indolores. Mandava whatsapp pra Carla achando que já estava na hora. Passei dias tendo esses pródromos, na esperança de que as contrações evoluíssem. Mas nada de evoluírem, onde estavam as dores?
Completei 40 semanas e a situação não mudava.
40+3 (terça feira, dia 03.11) e comecei a sentir uma dores nas costas, como quando estamos para menstruar. Era dia de consulta, fui ao consultório e o Dr me disse que eu ainda estava com 'cara de paisagem', definitivamente não estava em TP. Perguntou se eu queria fazer o exame 'por baixo' e eu disse que não (primeiro indício de que eu seria respeitada em tudo)... Achei melhor, não queria me decepcionar. No início da noite desse mesmo dia, as dores nas costas aumentaram. Tentei dormir, super feliz porque minha filha estava pra chegar.
Já era madrugada do dia 04.11 e não conseguia dormir. A dor nas costas havia aumentado e eu já não estava conseguindo ficar quietinha na cama. Sem nenhuma experiência, achei que estava em TP e eu e meu marido resolvemos ir para o hospital. Combinei com a Carla que, se chegasse lá e tivesse que internar, eu a chamaria. Tinha toda uma logística que precisava ser cumprida caso eu ficasse internada...minha filha tinha que ir para a avó ou meus pais ficariam em casa com ela, caso estivesse dormindo, enfim, essa ida para o hospital definiria tudo.
Chegando lá, uma médica me atendeu, mediu o colo e eu estava com 1 de dilatação. Quê??? - pensei - só isso?? Que decepção!!!
Voltamos pra casa.
De manhã bem cedinho, ainda com dores, resolvemos voltar ao hospital. Chegando lá, a médica avaliou e disse: "2 para 3 de dilatação e colo fino". Ligou pro GO que disse não ter necessidade de internar naquele momento, mas deixou a decisão comigo (segunda vez sendo respeitada em meus desejos). Ahh, mas eu não conseguiria passar aquelas dores em casa. Enfim, internamos dia 04.11 às 6 da manhã. Logo chamei a Carla que foi para o hospital assim que fui internada.
Pronto! Cenário montado, que comece a ação. Dores pra cá, dores pra lá... Eu achando que já estava no limite da dor, mal sabia o que estava por vir. Bola pra cá, massagem pra lá, dores...bolsinha de semente quentinha (como aliviava), abraço do marido. Orações feitas pela Carla. Apelei pra tudo que poderia me aliviar a dor. Mas ainda muito feliz de vivenciar aquilo.
Estavam eu, meu marido e a Carla com uma grande incógnita, quanto será que evoluímos na dilatação. Decidimos que esperaríamos até meio dia pra chamar alguém pra medir. Ás 11:30 o Dr. Álvaro chega. Me olha e diz "vc não está em TP, ainda com cara de paisagem, internou cedo demais". Só dei uma risadinha sapeca de criança que aprontou. Aí ele fez o toque. 5 de dilatação. Comemorei!!! Mas ele foi claro, agora que estaria entrando em TP ativo. Pensei: " afff, vai doer mais ainda?!!". Sim!! E doeu!! Muito mais!!! A partir daí, já não me lembro de muita coisa, só que as dores vieram pra valer. Pude me alimentar o tempo todo, pelo menos até onde conseguia. Massagens e palavras de incentivo era tudo o que eu teria...e ainda bem!!! Sem isso eu não conseguiria. Mãos de fada da Carla e o olhar confiante do meu marido.
Me lembro de ir para o chuveiro umas 14:30 e comecei a sangrar um pouco, mais que o normal. Carla chamou o Dr Álvaro. Ele chegou e mediu novamente. 8 de dilatação!!! UFA!!! A partir daí eu já não respondia mais por mim. Fui pro chuveiro e comecei a ter vontade de fazer força de expulsão. Devido a esse sangramento do colo, o Dr. Álvaro decidiu que iríamos mais cedo para o centro obstétrico, me explicando calmamente o porque (mais um indício de respeito e cuidado). Chegando lá é que realizei que estava perto de conhecer a Laís. Assim que entrei, uma enfermeira me perguntou: 'vai usar analgesia?'. Eu, confiante, disse: 'não!'. Mas nem tinha tanta certeza assim. Antes do meu marido e da Carla chegarem, o Dr. Álvaro examinou meu colo e identificou de onde estava vindo o sangramento. Ele, muito calmamente, me disse que iria ficar observando, mas devido a esse sangramento, poderia ter que acelerar o parto (mais uma vez me explicando, caso tivesse que intervir). Eu só ouvia atentamente e confiava nele.
Me disse pra ficar à vontade quanto à posição (de novo, o respeito). Depois de tentar várias posições, me senti melhor no banquinho da Carla. Meu marido atrás, Dr. Álvaro à minha direita, e a Carla à esquerda. Todos me dando apoio, me respeitando, sem pressa. Ninguém estava ansioso, querendo que acontecesse logo. Sim, mais uma vez me senti respeitada, todos esperando o momento certo. Dr. Álvaro me dava instruções claras de onde fazer a força, Carla e marido dizendo que eu conseguiria e eu...ahh, eu na partolândia, dizendo que não tinha mais forças. Ficamos lá fazendo força por cerca de uma hora e meia, eu já estava muito cansada! Dr. dizia que poderia acelerar o parto se eu quisesse, mas enfatizava que ele não via necessidade (olha aí de novo o respeito). Em nenhum momento me ofereceu analgesia (pelo que me lembro), mas eu não estava em condições de optar por nada, eu só pensava na próxima contração e se Laís viria ou não. Em certa altura, Dr. Alvaro pede para eu sentir com a mão a chegada da Laís, não tive coragem e não me perguntem porque. Minha bolsa estourou naturalmente e molhou todo mundo...foi engraçado. Até que decidi escorar meus braços no meu marido...bastaram 2 vezes e ela nasceu!!!! Que alívio! Que alegria! Que emoção! Deu tudo certo! Do jeito que sonhei! Dr me deu a Laís que veio toda molinha, chorando baixinho, corpinho quentinho... Inesquecível! Felipe e dr. Álvaro passando paninho nela e eu chorando, sem lágrimas. Carla tirando algumas fotos (ainda bem que tem o registro). Impossível descrever a emoção. No meio de tudo, Dr. Álvaro faz eu pegar o cordão e me pergunta se sentia pulsar. Eu senti, logo depois me pergunta se ainda está pulsando. Disse que não, então meu marido cortou o cordão (mais demonstração de respeito pelo bebê). Ao longe vejo o pediatra que assistia aquele nosso momento, veio até mim e perguntou se eu queria que Laís tomasse banho, respondi prontamente que não. Só tomou banho no dia seguinte. Felipe acompanhou Laís ao berçário enquanto eu paria a placenta e o Dr me dava os pontos necessários devido às lacerações (sim tive algumas, mas nada que me faça optar por uma futura cesária). Confesso que parecia bêbada, falando alto, queria abraçar todo mundo... Que efeito esses hormônios!!! E mais uma vez eu tive a certeza...sim! Era disso que eu estava falando, era isso que queria sentir no nascimento da minha filha. Essa loucura tão intensa e tão transformadora. Laís nasceu um pouco mais das  16:30 do dia 04.11.2015, com 3,165kg e 50cm de 40+4 semanas. Foram 5 horas de TP ativo, com pródromos iniciados uma semana antes.
Pois então, tive meu tão sonhado parto, sem nenhuma intervenção. Sem episio, sem manobra de kristeller, sem jejum, sem ocitocina sintética, sem rompimento de bolsa, sem tricotomia, sem analgesia, na posição que me senti mais confortável e no local que me senti mais segura
Nunca fui ativista pelo parto humanizado, era um desejo pessoal, mas depois disso, acredito que toda mulher deveria passar por essa experiência. Acho que não deveria existir outro tipo de parto que não seja o humanizado (sendo cesária ou não). Em que mamãe e bebê são tratados individualmente e respeitados em seu tempo, desejos e necessidades.
Agradeço de coração pelos anjos que me acompanharam: Dr. Álvaro - médico competente, atencioso, extremamente ético em seus procedimentos; Carla - mãos de fada, temente a Deus, ama o que faz e por isso faz de coração; Felipe, meu dedicado marido, mesmo tendo todo o suporte técnico, o suporte de amor dele foi essencial. Sem vocês eu não conseguiria e meu desejo é que todas as mulheres que tiverem seus filhos, tenham experiência de serem respeitadas em um momento tão único e particular de suas vidas. Deus é perfeito em tudo, com o parto pude experimentar um pouco mais de sua perfeição.
Anie Sogocio Couto
    

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